8 de março

12:00

        Acabo de desligar minha TV e duas coisas me chamaram a atenção. O primeiro deles foi em um programa de culinária, onde uma mulher, com filhos gêmeos bebês, conta que cuida de seus filhos com o auxílio apenas de sua mãe, já que o pai das crianças foi "tocar da vida". O segundo deles foi no telejornal após este programa, que ao mostrar uma reportagem sobre as mulheres que são "chefes do lar", conta a história de uma senhora que sai de casa às 4 da manhã todos os dias para trabalhar, levando consigo sua filha mais nova e também sua neta, para que possam estudar perto do trabalho desta senhora. Esta mesma mulher relatou sua maior alegria nos últimos tempos, que foi formar sua filha mais velha na Universidade.
      As histórias dessas mulheres me tocaram não porque são coisas raras de se acontecer, pelo contrário!São histórias que vemos e/ou vivenciamos todos os dias! As mães que têm os filhos vistos como responsabilidade apenas delas porque os pais das crianças foram "tocar a vida" de diversas maneiras são muitas: tias, primas, vizinhas, amigas, colegas, conhecidas, nós. As histórias se repetem em vários círculos familiares e sociais que estamos inseridos. E tem tantas coisas que são desiguais em todo esse caminho: recebemos menos que os homens em praticamente todas as funções, o "peso" do julgamento e a cobrança sobre o que devemos/não devemos fazer na maioria das vezes é muito maior pelo fato de sermos mulheres, os riscos que corremos em algumas situações cotidianas pode ser muito maior que riscos corridos por homens, etc.
      Logo me lembro das mulheres da minha família que são presentes na minha vida, e é delas em especial que quero falar hoje embora as situações possam ser semelhantes na maioria das outras famílias. Me recordo de algumas das diversas vezes que me diziam que eu deveria estudar, buscar ser independente e que eu não "abaixasse a cabeça" para as pessoas que tentassem me "botar para baixo ou me fazer desistir". Me lembro de que em todos os momentos que eu sonhava ser ou fazer algo, fui incentivada por elas. Apesar de sempre ter sido sempre muito atenta aos conselhos recebidos, só hoje posso entender a causa deles! Posso perceber a resistência que é, e sempre foi, a vida enquanto mulher.
      Tenho começado a realizar meus sonhos, aos poucos: mesmo com todas as dificuldades presentes estou ocupando os lugares que sempre sonhei, e graças a elas posso ter esse direito/possibilidade. Aprendo a ser forte em diversas situações, porque as tenho como exemplo e como apoio. Enquanto mulheres que passaram por diversas situações na vida, criaram seus filhos sozinhas e que fazem de tudo para que possamos aprender a caminhar, enfrentaram muitas coisas e desafiam as "expectativas" e palpites de muitos, estes pautados por criações e opiniões machistas e que "queriam dizer" coisas diversas (ou até mesmo as diziam explicitamente), elas não foram diminuídas por isso tudo, pelo contrário, se fortaleceram umas nas outras e subiram os degraus que se apresentavam na frente delas! E ao observar mulheres como minhas madrinhas, primas, tias, minha mãe e avó percebo que a luta para que possamos ser nós mesmas onde quisermos enquanto mulheres se faz presente todos os dias já faz algum tempo. E elas ainda assim (e mesmo que não soubessem) me ensinaram a ser sensível ao outro, a buscar fazer o melhor por mim e pelas outras "irmãs" de caminhada. O exemplo de força e persistência me ensina a querer ser melhor e a não desistir de buscar para que esse mundo seja melhor, assim como a mulher da reportagem do jornal é o exemplo de força e persistência de sua filha.
      Nesse dia, onde lembramos que temos uma luta, que exige muita resistência de nós como mulheres e seres humanos, não vou dizer o que não quero (até porque já disse aqui na mesma data do ano passado), mas vou agradecer minhas amigas que me fortalecem na caminhada e as mulheres próximas de minha família por tudo que me ensinam desde sempre e por todo o apoio nos meus sonhos. Quero desejar que possamos ser suporte umas para as outras e para as demais mulheres presentes em nossas vidas durante as lutas que têm de ser enfrentadas e também nas vitórias. São muitas lutas e histórias a viver:semelhantes em algumas vezes, totalmente diferentes em outras vezes, mas que juntas podemos aprender muito e buscar um panorama melhor. Somos mais fortes em união!


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